quarta-feira, 17 de julho de 2013

Estou de pé

Mais uma vez estou aqui de pé, lembrando de tudo o que passou, do quanto eu já chorei, achando que não haveria motivos para prosseguir. Mas depois dos lamentos, quando o choro cessou, e tudo acalmou-se, consegui enxergar mais claro, vi tudo aquilo que eu pretendi abrir mão e deixar para trás.
A vida tem dessas coisas, nos faz tropeçar, nos faz cair, mas sinceramente, eu nasci para ficar no chão por tanto tempo.
Por isso, eu grito bem alto:
- Eu estou de pé mais uma vez, só que agora mais forte e com mais vontade de vencer.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Iludindo-se

Finjo para mim mesma
Conto-me mentiras para alegrar esse meu coração
Acredito nas fantasias que eu invento
Parada no tempo, sonhando acordada
Me alegro por alguns breves momentos
Vivendo quimeras
Mergulhando em ilusões
Fugindo da segurança do meu eu
Para me entregar
Mesmo às cegas, me permitir renovar

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Conto: A ilha da loucura


- Bom dia. – Me cumprimentou um paciente.
Eu decididamente não teria um bom dia. Estar vivendo naquela ilha com todos aqueles loucos, me fazia me sentir inseguro e numa prisão. Eu me sentia mais preso do que eles.
- Bom dia. – Respondi cordialmente.
Já havia se passado quase um ano desde que fui transferido para aquela ilha. Era tão cansativo e desgastante. Raramente havia um momento de descontração ou distração. Eles eram, verdadeiramente, bastante perigosos, e só bastava um pouco de desatenção para se tornar um refém de suas loucuras.
Enquanto fazia minha ronda matinal no pátio externo, pude observar alguns olhares intimidadores, dava arrepios. Estar na posição “superior” a eles, os fazia se sentir no direito de se tornarem calculistas, e eu previa que a qualquer momento eles se uniriam, e uma rebelião seria feita. Nós que estávamos ali para cuidar não somente deles, insanos, mas como também da segurança de todos lá fora, corríamos perigo.
A tensão me fazia pensar várias vezes em desistir. Pensava em tentar em outro lugar um trabalho mais seguro. Eu não temia pela minha vida, afinal, não tinha ninguém além de mim mesmo. Eu não tinha família, namorada e muito menos amigos, a solidão sempre foi minha melhor companhia. É verdade que ali eu continuava a desfrutar da minha solidão, mas temia pela minha saúde mental. Eu não queria acabar virando um deles.
Pensar demais tinha me feito ficar bastante distraído nos últimos dias.
- Você está louco? – Me perguntou um dos pacientes enquanto se levantava do chão, bastante irritado. Eu havia esbarrado nele, e ele tentava se recompor da queda que acabei lhe causando.
“Ele me chamou de louco? Quanta ironia.” pensei.
- Me desculpe, não quis te machucar. – Tentei me redimir.
- Não me importo. Você está louco? – Tornou a repetir, só que desta vez em um tom ameaçador.
O questionamento dele quanto a minha insanidade estava começando a me irritar. Ele era um dos pacientes mais perigosos que havia lá, todos o temiam, mas eu não, e os meus nervos estavam à flor da pele.
- Me responde: Você está louco? – Dessa vez ele estava aos berros.
Eu não consegui me conter, depois do primeiro soco, eu não consegui mais parar de esmurra-lo. Ele caiu no chão desmaiado. Eu pude ver em câmera lenta os demais pacientes correndo enfurecidos ao meu encontro. Eu iria morrer ali. Eles me seguravam com muita força, e eu tentava de todas as maneiras escapar. De repente, tudo estava escurecendo, e minha força já não existia.
Acordei assustado. “Onde eu estou?” pensei ofegante. O quarto todo branco, e nos móveis se encontravam meus pertences. Eu estava no meu quarto, e uma onda de alívio me tomou conta. Eu estava bem, e melhor ainda, estava vivo.
Saí do meu quarto em direção ao aposento principal interno. Algo me espantou, tudo tinha voltado ao normal. Os médicos, os enfermeiros e os pacientes, todos ali, cumprindo suas funções, sem ao menos perceber que eu me encontrava naquele local.

domingo, 7 de abril de 2013

Conto: Para sempre


- Alô? – Eu atendi ao celular surpreso, afinal, ela raramente me ligava.
- Estava querendo ir te visitar esse final de semana... – Ela falava baixo, e dava para perceber facilmente uma certa tristeza no seu tom de voz.
- Vir aqui? Esse final de semana? – Questionei surpreso e meio embaraçado.
- Se não der, não tem problema. Só queria te ver, é que...
- Eu iria adorar. – Interrompi impulsivamente.
- Chego aí sexta a noite. Te ligo para dizer em qual pousada estou. Beijos. – E desligou o telefone sem ao menos esperar uma resposta de volta.
Fiquei paralisado ali durante alguns minutos, segurando o celular na mão, sem saber o que pensar. Tantos sentimentos borbulhando de uma vez só, me deixava sem ar e tonto.
“Sexta?” pensei. Isso me assustava tanto. Ela era decididamente a mulher que desejava para ficar ao meu lado, mas tinha ainda tantos “por quês”, tantas dúvidas sobre mim mesmo, tantos medos. E daqui a dois dias, ela estaria ali comigo.
                                                               ♦ ♦ ♦
Ali estava ela a minha frente, linda, sorrindo, incrível. Nem conseguia conter minha cara de bobo. 
E como eu havia imaginado, ela se jogou em meu pescoço, em um abraço desesperado. Parecia que tinha durado horas aquele abraço, e sinceramente, eu não me importaria se realmente durasse, foi o melhor abraço que alguém já havia me dado, cheio de afeto e verdade.
Quando me soltou, ela me sorriu novamente, e o mundo estava tão cheio de cores.
- Soube que tem um bom restaurante aqui perto. Gostaria muito de ir lá. – Ela sugeriu cheia de vivacidade.
- Claro. – Como iria negar algo a ela?
O jantar me fez mexer com sentimentos que achei que não existiam dentro de mim. Eu quase não falei direito, preferi a observar. Sorridente, ela falava sobre sua infância divertida, histórias de famílias, medos, alegrias, e sobre nós. Ela fazia com que eu me sentisse vivo de verdade, era aterrorizante, e apaixonante.
Deixei-a de volta na pousada que ela havia escolhido ficar. Ela me beijou na bochecha, olhou em meus olhos, e se despediu:
- Espero te ver amanhã.
E com um sorriso estampado em sua bela face, virou as costas e entrou para a pousada.
                                                              ♦ ♦ ♦
Depois de um dia inteiro de ansiedade, chega uma mensagem dela: “Daqui à uma hora te encontro no bar a duas quadras da pousada. Senti sua falta.”.
Assim como a mensagem me sugeria, estava lá uma hora depois. Ela já estava sentada a uma mesa. Levantou-me o copo de Martini quando me aproximei.
- Me acompanhe. – Convidando-me.
- Com certeza. – Convite aceito.
Enquanto o garçom trazia minha dose de Vodka, ela me contava o que tinha feito ao decorrer do dia. Cheia de entusiasmo falava sobre os lugares que havia conhecido. Nem eu mesmo sabia que minha pequena cidade poderia ser tão interessante assim. Na verdade era uma das suas grandes qualidades, fazer com que tudo fosse extremamente interessante. Não entendia essa paixão dela em viver o que lhe era oferecido, mas a amava tanto por ser assim. Ela decididamente, me fazia muito bem.
A noite passou tão rápido, que nem acreditamos. Ela iria embora ao amanhecer, e mais uma vez iria me ver longe dela. Ao pensar nisso, me doía o coração, e me sentia tão entristecido.
Quando chegamos à frente da pousada, a minha mente visualizava o nosso “adeus”.  E com o coração apertado, falei com a minha voz meio embaraçada:
- Obrigado por ter vindo.
Ela me deu a melhor resposta que eu poderia querer. Sua boca era quente, e me transportava para longe do mundo real. O melhor beijo que já provei na vida.
- Fica aqui comigo... – sugeriu.
Eu não conseguia falar. Apenas acenei com a cabeça um “sim”.
E com aquele sorriso encantador, ela me guiou até seu quarto.
Ao fechar a porta, não conseguíamos nos conter. Os beijos, as carícias, as respirações ofegantes. Ela era minha. Eu era dela. Amávamos-nos, e era tudo real.
Acordei com ela me beijando. Ainda pensei “eu devo estar sonhando”.
- Preciso ir. – Ela não estava sorrindo, estava segurando o choro.
Eu a beijei intensamente. Queria poder dizer algo, mas eu sabia exatamente o que ela estava sentindo, pois sentia a mesma coisa.
A despedida teve poucas palavras. Os olhares, os carinhos e os beijos falavam por si só.
Ela havia ido, e tinha levado meu coração junto.
                                                              ♦ ♦ ♦
Algo estava errado, ela não havia me dado noticias sobre sua chegada. Nenhum telefonema, nenhuma mensagem, nenhum e-mail. Eu estava angustiado e muito preocupado.
Uma semana após a sua ida, meu celular tocou novamente com o seu número na tela, meu coração disparava descontroladamente. Quando eu atendi, parecia que havia recebido uma pancada forte na cabeça, eu não conseguia me manter em pé. Não era ela.
Minhas lágrimas caiam involuntariamente. Ao desligar, me entreguei, e desesperadamente chorei. Me doía tanto. Eu não conseguia entender. Na verdade, eu não queria entender. Eu queria ela de volta, ao meu lado, que era o lugar onde ela jamais deveria ter saído.
Corri para o meu computador, sua irmã havia dito que ela tinha deixado um bilhete destinado a mim, e que estava enviando o conteúdo para meu e-mail.
Meus dedos não conseguiam se mover direito, eu tremia e não conseguia impedir que algumas lágrimas voltassem a cair.
e-mail falava:

 - Eu sinto muito por tudo. Sei que você está sofrendo tanto quanto nós da família. O que ela te escreveu está abaixo. Fica bem.

"Primeiramente, espero que algum dia você consiga me perdoar. 
Meu sorriso sempre significou uma forma de defesa minha, o mundo sempre tentou me machucar tanto. Mas, durante o final de semana que passamos juntos, meu sorriso era de verdade. Você me fez feliz. Eu te amo tanto que não quero um fim, nem para a felicidade e nem para o amor que sentimos naquele momento. Será para sempre para mim.”.

Não quero mais

Fecho os meus olhos
E não consigo conter meu sorriso
Pois me pego sonhando acordada
Vejo você, eu, nós dois juntos
Assim como tenho desejado
Dia após dia
Te vejo feliz
E posso sentir tudo isso dentro de mim
Como se fosse verdade
Ah, por que tenho que idealizar algo que talvez nunca acontecerá?
Não consigo ser mais forte do que isso
Do que esse amor que me arrebata
Me fere
Me sufoca
E muitas vezes, quase me mata
Então, que eu morra
Morra amando
Pois não quero mais fugir desse sentimento
Não quero mais dizer "não" para nós dois
Quero te amar, ponto final
Sem me importar com o que poderá vir depois

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mais uma vez você

Te olho tantas vezes de longe, esperando o dia que você realmente vai me enxergar e vai dizer "é essa, não preciso mais procurar".
Mais uma vez fico nessa ilusão de que você irá me querer, me desejar perto de ti, desejar que eu seja sua.
Me pego ouvindo músicas que me lembram você.
Faço coisas para que não saia da minha vida novamente.
E todas as vezes que penso em ti, me pergunto "Será que ele em algum momento também pensa em mim?".
Eu juro, sempre tento me controlar, tento não me iludir. Mas veja só como estou agindo, mais uma vez escrevendo sobre você, sobre nós, que na verdade nem existe, e sobre esse sentimento que me invadiu, e insiste em fazer habitação em mim.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Razão x Coração

Será que meu coração é o único no mundo que teima em nunca me obedecer?
Minha razão grita "ACABOU! PONTO FINAL", aí vem ele alegremente me abrir um novo parágrafo.
Minha cabeça grita "PARE DE SE METER ONDE NÃO DEVE", ele dá de ombros e corre desvairadamente.
Além de ser teimoso, ele é completamente louco.
Quando eu penso "É ilusão, deixa isso para lá", ele pede copiosamente "Quero para mim".
Quando eu falo "Toma cuidado, você vai se machucar", ele responde "Eu não ligo, o importante é tentar".
E fico sempre nesse cabo de guerra: Razão x Coração. É lógico que este sempre vence, e muitas vezes até sem lutar, ele me convence que preciso me arriscar. Quem sabe um dia eu não consiga acertar?